segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Auto-sustentabilidade e Azeitonas


Um dos meus sonhos é ser o mais auto-sustentável e auto-suficiente possível. Por enquanto, isso não é possível, pois para cumprir este sonho tenho primeiro que ter uma propriedade minha, onde possa tomar as decisões em acordo com este meu objectivo. 

Ainda ontem estava a ver um episódio da série "Alasca: The Last Frontier" e a pensar no que eu farei quando tiver essa possibilidade. Esta série relata a vida de uma família que vive numa propriedade do Alasca remoto e acompanha as várias tarefas diárias que têm que fazer, sendo que a vida que vivem é praticamente de auto-suficiência. Só para verem o quanto eles têm que ser auto-suficientes, o Atz Lee e a Jane Kilcher estavam a fazer a própria cerveja e ele dizia a uma dada altura, que se queria beber uma cerveja ao fim do dia, tinha que ser ele a fazê-la (pois o bar mais perto é bastante longe).

Esta é uma das minhas séries favoritas e acho esta família e o seu modo de vida bastante inspiradores. Apesar de poderem viver doutra maneira, não tão isolados, escolheram viver assim. Eles cultivam os seus próprios alimentos, criam vacas, galinhas, cabras, abelhas, fazem os seus próprios remédios naturais, constroem as suas casas e estruturas, caçam, pescam, não põem nada fora, têm um extremo respeito pelo equilíbrio da Natureza e, acima de tudo, são felizes. É uma vida muito trabalhosa, mas não de privações. Quando querem alguma coisa, fazem-na, é simples.

Uma das coisas que eu acho interessante nesse modo de vida, é o espírito de entre-ajuda que têm entre eles  e com os vizinhos das propriedades em volta. E isso é uma coisa que cada vez menos vejo existir por aqui. Talvez por a vida estar tão facilitada (em termos de sobrevivência) é que as pessoas estão a perder o sentido de entre-ajuda, de comunidade, de gratidão pela vida.

Isso dá espaço a que outros sentimentos, que não são bons e que são tóxicos, proliferem. A frieza, o egoísmo, a inveja, o consumismo, o desperdício, a ganância, a corrupção, a falta de empatia e por aí fora, têm mais tendência a aparecer.

Por exemplo, quando faço a minha própria horta, sinto-me bem, orgulhosa do meu trabalho, fico com o sentido de dever cumprido e ainda é saudável, para o corpo e para a mente. Quando faço ou construo alguma coisa com as minhas próprias mãos, também. Biscoitos caseiros serão sempre mais saborosos que os de compra e se os oferecemos a alguém, têm um significado mais profundo.
E estas são algumas das razões para que um dos meus sonhos é ser o mais auto-sustentável e auto-suficiente possível.

(azeitonas na salmoura com murta e alho)
Por enquanto ainda não faço a minha própria cerveja :) mas já vou fazendo outras coisas que quero ter e comer. Como as minhas azeitonas caseiras. As da foto acima, são as actuais e estão quase, quase no ponto. É só mudar a água mais uma vez e já devem estar boas para comer.

A receita para curtir as azeitonas é esta e se quiserem ver "Alasca: The Last Frontier", passa no Discovery Channel às sextas à noite.

Boa semana!

29 comentários:

Catarina disse...

Querida Catarina como eu adoro ler-te!
Famílias como esta que referes aqui são sem dúvida muito inspiradoras. Eu realmente admiro muito este tipo de pessoas.
Claro que tenho de trabalhar para me poder sustentar, ainda assim faço tudo o que posso para ter uma vida bem mais sustentável e auto suficiente. Já não descuido da minha horta e cada vez tenho mais coisas no quintal. Fruta, legumes, ervas aromáticas, plantas medicinais entre outras coisas. Um mundo sem fim do qual eu não me quero distanciar nunca!
Beijinho enorme, por aqui ficarei sempre a acompanhar te!

Maria João disse...

Tantas vezes que me imagino a viver numa casa de campo, com terreno à volta e com uma horta. Não sei se me safava se só tivesse o que saísse da minha horta, porque não faço ideia como se trata duma, mas acho que com o tempo ia lá, desde que não tivesse mais nada para fazer. Também gosto muito de Agatha Christie, by the way. XOXO

Unknown disse...

Sabes Catarina , pretendemo-nos mudar para uma zona mais calma e sossegada onde as crianças possam andar na rua e brincar livremente , onde possam conhecer os vizinhos e brincar com eles . Ter um terreno e o mais que conseguirmos para nosso uso , felizmente este sonho já esteve mais longe de ser concretizado e se tudo correr como desejamos havemos de conseguir . Penso tal e qual como tu , acho que no campo existe mais o sentimento de ajuda e comunidade .
Beijinhos

Bella disse...

Olá :)

Eu também vejo bastante esse canal. Dá para perceber que por exemplo em Maine, muitas pessoas vivem do dia-a-dia e da natureza.

Infelizmente, não dá para ser assim em todas as regiões, ou porque existem leis que impedem a recolha da água da chuva (Oregon, EUA) ou impedem a produção de electricidade solar para consumo sem estar ligada à eléctrica nacional (Espanha e Portugal, embora não haja legislação clara em Portugal nesse asunto), enfim!

Mas podemos fazer a nossa parte onde estamos e se todos colaborarem com certeza estaremos menos dependentes no sistema e sobretudo menos DEPRESSIVOS!

Bjs

Simone Felic disse...

Olá Catarina
Uma otima dica, vou procurar para assitir, hoje é tão facil
sair de casa e ir ao mercado comprar tudo que se necessita,
e plantar é uma dádiva, ter bastate terra para se plantar
o que quiser é muito bom e ainda a sensação de bem estar em
estar colhendo é bom de mais.
beijinhos

http://eueminhasplantinhas.blogspot.com.br/

Horticasa disse...

Estamos juntas nesta empreitada!
Também eu vou tentar gastar o mínimo, só mesmo o que não der para tirar da terra. Para já ainda estou no começo mas, vamos mantendo o contacto pode ser que seja possível algumas trocas.
beijinho

Andreia Morais disse...

Aos poucos vais conseguindo :)

Lete disse...

Olá Catarina, boa noite!
Que lindo texto, adorei lê-lo!
Concordo contigo, quanto mais temos, mais queremos e buscamos no consumismo exagerado a satisfação pessoal e o refúgio de algumas frustrações, na ilusão de que somos mais felizes assim. É precisamente o contrário: a felicidade está dentro de nós, nas coisas mais simples e no que, de acordo com a natureza, fazemos. Até os sentimentos são menos profundos, tudo é de corrida, de fugida, quando soa a verdadeiro (na melhor das hipóteses, porque na pior, proliferam os ruins sentimentos, como dizes). Acho que se podes viver daquilo que a terra vai dando, é de aproveitar e fazes muito bem, quem me dera!
Aproveito para agradecer-te a resposta ao comentário do teu anterior post, obrigada!
Um beijinho grande e vai dizendo coisas!

A.João disse...

Não conhecia essa série, parece ser bastante interessante, vou tentar acompanhar. Vivo no campo, tenho uma oliveira e também preparo as azeitonas para consumo caseiro. Parte da fruta que consumo é produzida no meu quintal, sabe bem colhe-la e comer logo a seguir. Conheço algumas pessoas que procuram ser auto suficientes, percebo que não é fácil por muitas razões.Pena o mundo estar ainda no rumo errado.

Gracita disse...

Oi Catarina
Não conhecia essa série mas fiquei apaixonada ao ler-te
E ter o nosso espaço para cultivar os nossos próprios alimentos é uma dádiva porque são mais saborosos e saudáveis e sensação de bem estar pelo que conseguimos produzir é inigualável
Tenho pouco espaço mas a minha hortinha está lá e também algumas frutas que colho e saboreio com prazer
Um grande beijo querida

Poções de Arte disse...

Bom dia, Catarina!
Eu já me interessei pela série e vou dar uma zapeada na TV pra ver se encontro.
Concordo com tudo o que disse.
Infelizmente a "modernidade" criou robôs, não os que víamos nos filmes futuristas, mas um ser humano frio, egoísta, consumista e que nãos sabe usar toda essa tecnologia a seu favor. O que acho engraçado é que o homem, com tanta sabedoria, destrói tudo e depois vem com o papo de querer consertar. Já era... o que podemos fazer, é amenizar, ensinar e tentar mudar os hábitos.
Na Caverna Real, captamos água da chuva que é usada nos banheiros, para regar plantas e lavar o quintal. Esses dias, ao pegar a água dizia pro marido que o homem se vangloria tanto da tecnologia, mas estamos voltando para a época das cavernas e muitos terão que carregar água, quando a encontrarem. Meu bisavô dizia que ia chegar a época que o homem ia ter muito dinheiro na mão para comprar um copo d'água, mas quem o tivesse, não venderia...

Presentear com biscoitos é maravilhoso, já tive essa oportunidade e sempre que posso, ofereço algo feito por mim.

Lindo post!
Abração esmagador e ótimo dia.

AC disse...

Gostei do post, o tema dá pano para mangas. :)
Simpatizo, sobremaneira, com quem ousa viver de forma diferente, tentando libertar-se das amarras pesadíssimas do actual quotidiano. Embora de forma não tão radical, de há alguns anos para cá decidi viver no campo, onde cultivo os meus legumes e tenho as minhas árvores de fruto. Os sábados são dia de completa libertação, parece que estou no paraíso.
(A propósito, também tenho algumas oliveiras)

Um bom final de semana :)

PINTA ROXA disse...

Já eu não gosto do campo. Um fim de semana, uns dias sim mas para morar não. No entanto já apanhei e curti muitas azeitonas, assim como já vindimei e pisei uva. Nasci no campo mas com vontade de ser da Cidade.
Boa semana.

PINTA ROXA disse...

Escrevi um testamento, mas penso que nem ficou. Dizia eu que não gosto do campo mas já vindimei e fiz vinho, já apanhei e curti muita azeitona. Nasci no campo mas sou menina da Cidade.
Boa semana. Pinta

Esperança disse...

Apesar de actualmente não ter espaço para cultivar os meus alimentos, também acho este modo de vida bastante inspirador e propício a desenvolver sentimentos que, de outra forma, não se iriam desenvolver. Às vezes tenho vontade de ir viver para outro local mais calmo, com menos barulho, com mais espaço e onde o ar seja mais leve...
Luta pelo teu sonho! Boa sorte!

nat. disse...

Ai ai, que bom aspeto!
E eu que sou viciada em azeitonas!

Também aprecio o viver de forma diferente e de forma mais sustentável...
Gosto de saber o que como...
Gosto de comer comida com sabor (e não me estou a referir só aos temperos)...
Gosto de a calma que a horta me dá quando lá estou...
Gosto de ver os miúdos a crescer e a correr na terra... Gosto de os ver satisfeitos, cansados e sujos no final do dia...
Apesar de já ter estufa e hortinha, espero um dia sair da gavetinha onde moro e ir para uma casinha virada para a horta... esta, ou outra qualquer...

Já me alonguei muito...
Beijinhos e boa semana!

Os olhares da Gracinha! disse...

Obrigada pela visita Catarina...tenho um casal conhecido cujo filho faz cerveja e quando lá vamos é sempre um gosto saboreá_la!
Desde que estou na aldeia...sinto a importância disso e como eu costumo dizer para a sopa e fruta há sempre para uma mesa!
Este ano não preparei azeitona e já me arrependi!
Bj amigo

Andreia Morais disse...

r: Muito, muito obrigada!
Uma ótima semana :)

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Como o planeta agradecia se houvesse mais pessoas a pensar como a minha amiga.
Um abraço e continuação de uma boa semana.

Mimirabolante disse...

Que legal!
Adorei.
Eu quando estou no sítio tento ser o mais sustentável possível.
Já consigo ter bons hábitos sustentáveis durante a semana no RJ e quando vou para o sítio,procuro melhorar mais ainda.
Adorei ver você lá no blog.
É muito bom este incentivo,muito obrigada.
E realmente ,gostaria de entender como o povo se sente satisfeito no meio da sujeirada.
Mil beijocas

As Mulheres 4estacoes disse...

Sei que o que vem da própria horta é muito mais saudável, mas penso que não levo jeito para ter uma.
Sônia.

Catarina disse...

Soa muito bem, mas para mim seria radical de mais... Não sei se, voluntariamente, poderia viver e ser feliz num ambiente tão remoto. Concordo que devemos proteger o ambiente sempre que nos for possível. Fazemos sempre uma diferença mesmo que pequena.

Zizi Santos disse...

Oi Catarina
muita alegria vir aqui!
que você realize seu sonho de ser auto sustentável e auto suficiente ! mas enquanto não acontece aproveite e faça da sua vida algo prazeroso que atenda todos os seus ideais. Eu acho que já tem feito não é? a receita das azeitonas, o cultivo de suas plantas, o cozinhar e consumir alimentos que não sejam os industrializados. Ao longo de minha vida, tive a felicidade de morar em uma fazendinha, onde tive uma vida simples e próxima a natureza.
Por muito tempo, fiz os pães, queijos, geleias. Claro que sempre tinha o acréscimo de um ingrediente industrializado , mas mesmo assim era de forma artesanal e pura.
Foram bons tempos.
Ainda quero ter uma horta de temperinhos na varanda do apartamento. Já ficaria feliz com tal façanha.
Tudo tem seu tempo e creio que você conseguirá a terra que tanto deseja para realizar o seu sonho. E eu quero ver através de seus posts! Tomara!

bj

Unknown disse...

Adorei!!!
Aqui por onde moro, o consumismo é pregado a cada esquina. As pessoas são incentivadas a jogar coisas que ainda estão boas, para comprar coisas mais modernas. O problema é que esse consumismo desenfreado além de acabar com o nosso ecossistema, acaba com famílias, que muitas vezes não tem condições de manter esse padrão que a sociedade exige e quando não entram em terríveis dívidas , ou depressão, podem acabar escolhendo um caminho corrupto.

Outro problema que em contro aqui é falta de alimentos saudáveis.A variedade de frutas e verduras são poucas e as que tem estão cheios de veneno, quando acha alimentos orgânicos eles custam 3x mais.

Mas infelizmente, nem minha tão sonhada hortinha estou conseguindo fazer, quem sabe quando eu me mudar né?

Beijos
Thaís

CÉU disse...

Ai, ai, Catarina, chego à conclusão que não sou, de todo, ecológica.
Conheço a série k até acho engraçada, mas para mim, não dá. Eu não sei, nem gosto de cozinhar, embora não goste de comer fora de casa. Faço refeições mto frugais, mas com produtos comprados, preferencialmente sem glúten, lactose, e sem conservantes químicos. Gasto um dinheirão, isso é verdade, mas eu ser autossuficiente e auto- sustentável, no aspeto gastronómico, não está nada nos meus planos.

Peço a Deus que me dê qualidade de vida e k me possa movimentar, sem pedir ajuda. Percebes? Apavora-me a ideia de ter de pedir à empregada para me ajudar a deslocar à casa de banho, por exemplo, um dia mais tarde.

Compreendo as ideias expostas no teu texto, qdo te referes à entre-ajuda, gratidão e aproximação, como nas vilas e aldeias no tempo dos nossos avós. Eu sei que existe um foco ou outro dessa atividade, no nosso país, ainda, e até está, agora, de novo, na moda, mas não faz nadinha o meu género. Admiro e aprecio a tua maneira de pensar, sinceramente.

Beijinhos e agradeço as tuas simpáticas palavras no meu blogue.

Ana disse...

Gostei de ler o teu texto, será em parte o regresso ás origens, mas com toda a informação que já dispomos hoje em dia, o caminho é o respeito pela natureza e menos consumismo, pela nossa saúde e pelo nosso planeta que está muito mal tratado e doente. Beijinhos

Portuguesinha disse...

Desconfio que esse é um sonho partilhado com mais algumas pessoas. Não todas! Porque muitas adoram não meter a mão em nada, não fazer esforço e não sujar as mãos. Adoram que as coisas já apareçam feitas. Mas as nossas raizes como seres humanos têm muitos séculos na agricultura... No estilo de vida sustentável. Pelo que acho natural que algumas pessoas sintam esse apelo.

É tudo muito bonito mas totalmente inviável se não existir terra para plantar e muita perserverança para a muitas adversidades e custos do auto-sustento. Enquanto isso, pode-se sempre criar ervas e alguns frutos na varanda de casa...

Unknown disse...

Ah, Catarina! Que maravilha esta postagem.
Não conheço a série, mas gosto desse estilo de vida e já tive a minha hortinha (nada que desse para ser completamente "auto", mas só eu sei o prazer enorme). É claro que faz parte da própria personalidade de cada um e com o seu entrosamento com a natureza. Se tem o espaço, os meios e a vontade: o sonho concretiza-se.

um bj amg

Unknown disse...

Conheço quem já faça a sua própria cerveja, segundo a pessoa e um processo simples :) concordo com tudo neste post.

Sónia