quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Seremos todos fúteis e superficiais?

Quando era mais nova e andava nos primeiros anos de aprendizagem do Inglês, uma das formas que eu tinha de acrescentar vocabulário ao que aprendia na escola, era através dos filmes e séries. Era bastante simples e funcionava como um jogo: ouvia as palavras em inglês e fazia a correspondência do significado nas legendas em português. Era uma técnica muito eficiente e consegui alargar bastante o meu vocabulário da língua inglesa.

Mas de todas as palavras apreendidas, a que me ficou na memória foi "shallow"*. Na altura (lembro-me como se fosse hoje), fiz a correspondência da legenda e o significado deu: fútil**

Mas eu também não sabia o que queria dizer essa palavra! Nesse tempo, eu não conhecia o conceito de futilidade, e para dizer a verdade, nem sei se conheceria alguém que fosse realmente assim.

Agora, mais de 25 anos volvidos, o que é difícil para mim, é nomear alguém que não seja assim. É lógico que ainda conheço pessoas normais e com algum tipo de profundidade psicológica, mas já começam a escassear...

"Nos dias de hoje as pessoas sabem o preço de tudo e o valor de nada" Foto daqui
Mas o que é que mudou?

Estaremos a permitir que todo o marketing, a televisão, as revistas e as redes sociais, nos moldem o cérebro e que nos tornemos todos fúteis, vazios e superficiais?

Que só liguemos a modismos e tendências e a que não pensemos pelas nossas próprias cabeças? Que não consigamos moldar um gosto próprio e que sejamos totalmente acéfalos?

Cada vez mais a ameaça do "grande irmão" paira sobre as nossas cabeças, com tanta tecnologia e controlo cerebral. Ou será ainda só uma fantasia catastrófica de George Orwell?

Peço que me perdoem, se acharem que estou a exagerar no pânico da futilidade.

Mas é que às vezes, quando olho para o mundo e para as pessoas à minha volta, é impossível não me dar um ataque de lucidez ecológica e a pensar no que realmente importa e o que me satisfaz e faz feliz.

Temos que abrir os olhos, ver o que importa, pensar qual é o nosso verdadeiro papel no planeta e equilibrar...

Porque eu também sou fútil, de vez em quando. Faz parte de mim, como elemento integrante da nossa sociedade actual, que sou. 
Não sou é sempre!

Boa quarta-feira. 


*Shallow (inglês) - adj. superficial, raso, fraco, pouco profundo, fútil

**Fútil - que tem pouco ou nenhum valor; insignificante; vão; que dá muita importância a coisas inúteis, superficiais ou sem valor; leviano; frívolo; pouco profundo

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

O Inferno dos incêndios florestais

Portugal está a arder e não é em sentido figurado. Só ontem houveram 158 incêndios e as consequências nalguns locais são devastadoras. Desde o início do mês já arderam milhares de hectares por essas serras fora, com prejuízos incontáveis a nível da flora e fauna, e com consequências para nós também. Segundo ouvi nas notícias, à hora de almoço, o facto de ter ardido parte do mato e da floresta da Serra da Estrela, vai levar a que hajam deslizamento de terras, aquando da época das chuvas, pois já não têm nada que as segure (arbustos, mato, árvores...). 

Ainda paira sobre os nossos pensamentos o incêndio na Serra do Caramulo e seus tenebrosos resultados. Ainda agora se conseguem ver os sinais desse fatídico incêndio, porque a natureza ainda não se conseguiu regenerar totalmente.

(Serra do Caramulo, um ano depois do incêndio - 2014)

O que é incrível é pensar que 90% destes incêndios têm origem humana, seja por negligência, seja por acção criminosa. Quando me mudei da cidade para o campo, tive logo um enorme susto nesse Verão. Um pequeno incêndio deflagrou a cerca de 200 metros do local onde vivo, perto das 22h30. Não houve grandes consequências, para além do susto, mas no ano seguinte, no mesmo mês, voltou a haver o início de um fogo, mais ou menos no mesmo local e hora da noite. Coincidência?

Este ano, voltou a haver um início de incêndio, no mesmo local, na mesma semana do mesmo mês. Mas desta vez, só para ser diferente, não começou de noite, mas sim depois da hora de almoço....
O que nos valeu sempre foi a rapidez dos bombeiros locais e a ajuda da população, para evitar prejuízos de maior, para além de 5 ou 6 árvores ardidas e sustos. 
Mas fica sempre a interrogação sobre quem é que pôs aqueles fogos (porque é fogo posto), sempre no mesmo local, sempre na mesma altura do ano, e o porquê. Não dá para compreender as motivações.

Só resta fazer a dança da chuva, para ver se cai alguma chuvinha que ajude a acalmar este inferno de chamas.