domingo, 22 de maio de 2016

Viver com Pouco ou Viver com o Essencial?

Há umas semanas atrás, rumámos ao Sul para ir passar o fim de semana a casa de uns amigos. Eles vivem para os lados de Almada, por isso foi uma boa oportunidade para passear, visitar outras paragens e, claro, passar tempo com pessoas amigas, que não vemos muitas vezes.

Entre os passeios e as conversas, fomos partilhando as nossas experiências, falando do dia-a-dia, contrapondo a vida deles, na cidade, e a nossa, no campo. 
Eles foram falando das distâncias que tinham que percorrer todos os dias (casa/trabalho/casa), das pontes, do trânsito, do stress das pessoas, dos horários deles e dos miúdos, da falta de tempo...
Nós fomos falando das caminhadas, da horta, da fotografia, dos nossos passeios pelas serras aqui à volta, dos estrangeiros que se estabelecem por aqui para viverem a reforma com qualidade, de auto-sustentabilidade...
Mas a uma dada altura, um dos nossos amigos citadinos disse uma coisa que me ficou a bater no pensamento durante algum tempo. Enquanto estávamos a falar em como deve ser libertador viver o mais auto-sustentavelmente possível, sem stress, produzir a própria comida, sem trânsito, com tempo para tudo, dormir bem, ele lembrou-se de uma questão, importante para ele, e que fez esfriar o tema da conversa: 
"- Isso é tudo muito lindo, mas uma pessoa habitua-se a um certo estilo de vida e depois não consegue viver com pouco!"

Eu confesso que fiquei um pouco chocada, mas como todas as pessoas têm direito à sua opinião, não alonguei o assunto. A verdade é que depois fiquei a matutar naquilo. Eu não trocava a minha vida pela dele, mesmo que, aparentemente, a vida dele seja melhor. Para mim, lidar com stresses é stressante e eu não quero isso. Prefiro ter menos coisas, mas ter tempo para me dedicar às coisas que gosto (como o estar aqui a contar esta história no blogue). Prefiro não ter um carro topo de gama, mas não precisar de passar uma hora no trânsito (para cada lado). Prefiro viver num local onde os ordenados são naturalmente mais baixos, mas poder ter tempo e energia para cultivar a minha horta e assim ter a certeza daquilo que como.
Se há coisas negativas na minha vida? Sim, há. Mas haveria muitas mais, se vivesse uma vida como a deles.

Mas há uma questão importante em relação a tudo isto: o que é realmente o "viver com pouco"?
Como já disse anteriormente, um dos meus sonhos de vida é ser o mais auto-sustentável possível. Ter horta, galinheiro, reutilizar coisas, aproveitar ao máximo o ciclo de vida útil das coisas, reduzir consumos, ir à lenha, fazer pão, construir e produzir coisas com as minhas mãos, e quem sabe até fazer a minha própria cerveja? 
E isso não é "viver com pouco". É viver com fartura! Fartura de saúde, fartura de sabor, fartura de tempo, fartura de diversão e fartura de não-stress. E ainda se poupa dinheiro.

(Um dos passeios desse fim de semana - Cabo Espichel)
Logicamente nem todas as pessoas são talhadas para a vida de campo e nem têm que o ser. O meu sonho é meu e entendo que nem toda a gente esteja para aí virada. Porque, apesar de ser uma vida mais equilibrada e saudável, é necessário algum trabalho e nem todos o conseguem, ou querem.

O que eu penso é que há por aí muita confusão nas cabeças das pessoas. Será talvez só uma questão de semântica, mas a diferença é grande. Porque aquilo de que estávamos a falar na altura, não era de experiências de vida de pessoas que "vivem com pouco". Eram experiências de vida de pessoas que vivem com o Essencial. Que é bastante diferente. 

Quando uma pessoa descobre o que é verdadeiramente importante na sua vida e se despoja do que é acessório, liberta-se de uma forma que não é possível através de outros meios. E torna-se numa pessoa mais feliz. O Minimalismo, por exemplo, é uma forma de libertação. Destralha-se, livramo-nos do que está a mais e fica-se com o Essencial. O Armário-Cápsula é outro exemplo de libertação do desnecessário, focando-nos apenas no Essencial. O Síndrome do Pensamento Acelerado acontece quando nos deixamos de focar no Essencial e ficamos enrolados em milhares de pensamentos desnecessários. Poderia dar muitos mais exemplos, mas acho que já perceberam a ideia.

A verdade é que nos andamos a enganar, ou a ser enganados, com esta história que temos que ter muito para sermos felizes. E isso é uma mentira. Nós, para sermos felizes, temos é que ter o necessário, o Essencial. O que nos vale ter dinheiro para ter dois ou três tablets, se não temos tempo para estar com a nossa família e com os amigos? O que nos vale cem sapatos, se não nos sentimos bem com o nosso trabalho? O que vale trabalhar mais para ganhar mais, se depois vamos gastar esse "mais" em ATL's, pois ficamos sem tempo (e alguns, sem vontade) de estar com os filhos?

Todos nós, a uma certa altura da vida, deveríamos fazer uma análise interna. Olhar bem para dentro de nós e ver o que é realmente importante, essencial para nós. Se isso acontecesse, viveríamos todos num Mundo melhor.

Conseguem viver com o Essencial, ou ainda precisam de muito para serem verdadeiramente felizes?

Boa semana!

sexta-feira, 6 de maio de 2016

Alimentos Anti-inflamatórios

Ontem acordei cheia de dores. Desde os tornozelos, até aos músculos interiores das coxas, passando pela parte inferior das costas e acabando no pescoço, parece que todo o corpo me resolveu chatear.

Não sei se terá sido dos treinos de anteontem e do dia anterior, que-isto-de-estar-sem-treinar-enferruja-nos-o-corpo. Ou pode ter sido de ter ido para a horta e ter-me posto a ceifar como se não houvesse amanhã (desvantagens de não ter maquinaria). Pode ainda ser fruto da idade, que os anos não voltam para trás e a chuva, que ontem voltou a cair com força, pode ter ajudado a enferrujar os ossos e as articulações.

Ou será apenas uma conjugação de tudo isto... 
Mas antes de pensar em tomar um anti-inflamatório (e essa hipótese atravessou-me o pensamento...), não será melhor olhar para a minha alimentação? O esforço físico dos últimos dias, aliado a alguns distúrbios na minha alimentação normal, podem ter potenciado estas dores chatas, que me emperram os projectos e me achatam a disposição.

Existem alimentos que ajudam a diminuir e a prevenir estas dores e que facilmente se integram na nossa alimentação. Alimentos ricos em Vitaminas (como a A, B, C e E), Minerais (como o magnésio), Ácidos Gordos essenciais (como os Ómega-3) e com muitos Antioxidantes, são a chave para a diminuição das inflamações e consequente diminuição das dores e do tempo de recuperação. São os chamados  alimentos anti-inflamatórios e actuam como "medicamentos" naturais.

(Imagem daqui)
Estes são alimentos ou grupos de alimentos que, pelas suas características e componentes, são os alimentos de topo de qualquer Alimentação Anti-Inflamatória digna desse nome. Após a leitura de várias fontes, resumi nesta lista quais são os alimentos que não devem faltar na minha (e na vossa...) alimentação:

- Hortaliças de folha verde: Quanto mais escuro melhor. Por isso, bróculos, couve-galega, couve portuguesa e outras couves de folha escura, bem como a rúcula e o agrião, devem fazer parte da alimentação diária. Dar preferências a hortaliças de origem biológica (ou da horta, se for como a minha), pelas razões lógicas.

- Gengibre: Já é sabido há algum tempo que o gengibre contém substâncias anti-inflamatórias que reduzem os níveis de inflamação e também ajudam no tratamento de constipações e gripes.

- Peixes Gordos: Peixes como a sardinha, tão característica das nossas costas, e outros, tais como, atum, arenque, salmão e cavala, são ricos em Ómega-3, substância que inibe a inflamação e ajuda na prevenção de muitas doenças.

- Fruta Fresca: As várias frutas são ricas em diversas substâncias, tais como Vitaminas e Minerais, que ajudam a afastar as inflamações da nossa vida. Citrinos e frutos vermelhos devem estar no topo da lista, mas as bananas e todas as outras frutas não devem ser postas de parte.

- Frutos Secos: As nozes, as castanhas-do-pará, as amêndoas, as avelãs e os cajús, apesar de serem calóricos, possuem muitos nutrientes necessários, nomeadamente ácidos gordos, como o Ómega-3. E são uma excelente opção de pequeno lanche saudável.

- Legumes Laranja e Vermelhos: O Betacaroteno e o Licopeno são daqueles nutrientes que queremos que sejam regulares na nossa alimentação. Assim sendo, não devemos ser estranhos com a cenoura, a batata-doce, a abóbora e o tomate.

- Sementes: Não somos pássaros mas devemos seguir o seu exemplo. Por todos os nutrientes saudáveis que carregam, a linhaça, o sésamo, a quinoa, as sementes de girassol e chia, fazem parte, com pleno direito, desta lista de alimentos anti-inflamatórios.

- Leguminosas: Favas, ervilhas, grão de bico, lentilhas e os vários tipos de feijão, para além de conterem muita fibra e diversos minerais, são ricos em proteína vegetal, que é menos inflamatória para o organismo que a proteína animal.

- Outros alimentos que não devem ficar de fora desta lista: Vegetais roxos (beterraba, couve e cebola roxa), azeite, vegetais brancos (couve-flor, alho, cebola, nabo e couve branca), ovo e soja.

A verdade é que nós somos mesmo aquilo que comemos e se não consumirmos o que o corpo quer e precisa, ele reage: inflama, fica doente e dói.

Por isso, fora com os alimentos processados, com os açúcares, com a carne em excesso, com os alimentos de "aviário", produzidos em massa, cheios de químicos e que não fazem bem à saúde. 

E se fizerem exercício físico ou se andarem na horta como eu, não se esqueçam dos alongamentos no final. Também ajudam a evitar estas dores que tenho agora (lembrete mental pessoal :P).

E vocês, como combatem as inflamações e dores?

Bom fim de semana :)