terça-feira, 31 de janeiro de 2017

A Horta de Janeiro (2017)

O terreno onde agora está a nossa horta é bastante grande, pois são cerca de 1000 metros quadrados de área cultivável. A terra é boa, fértil e não está nada desgastada, pois teve bastante tempo para se regenerar, uma vez que esteve sem uso durante muitos anos.
Um dos principais impedimentos a cultivarmos ainda mais coisas na horta, é o facto de não termos maquinaria que nos ajude a trabalhar a terra de forma eficiente. É tudo a sair do corpo: braços, pernas e costas. E como o terreno esteve tantos anos sem ser cultivado, as ervas daninhas tomaram conta dele.

Mas no início do mês tivemos uma ajuda e bem preciosa! Contratou-se os serviços de um tractorista e a parte do terreno que ainda não tínhamos usado, foi todo fresado. A diferença é enorme, como devem imaginar. A terra ficou muito mais fofa e as ervas daninhas levaram uma coça.

(vista de parte do terreno que ainda não tinha sido usado e dos 4 canteiros elevados)
É lógico que ainda temos muito que fazer e possivelmente tão cedo não iremos usar o terreno todo, mas já foi uma ajuda preciosa como base daquilo que se pretender fazer.
Agora fica a nosso cargo fazer os canteiros elevados, colocar flores e "sebes" de aromáticas, plantar mais árvores e, talvez, quem sabe um dia, fazer um charco e sabe-se lá, daqui a uns tempos, um galinheiro... O céu será o limite :)

Regressando à terra e ao presente, o que importa é que a base já está feita. E aproveitando isso mesmo, mal a terra foi fresada, fomos a uma feira semanal da zona e comprámos alhos para semear, que tinham ficado em espera da lista das culturas de Inverno.
Mas em conversa com o senhor feirante, acabámos por comprar também couves, da variedade bacalã, algumas alfaces e uns pés de cebolas roxas (que são maravilhosas em saladas). Nesse próprio dia colocámos tudo na terra, em consociação correcta.

(canteiro esquerdo - cebola roxa, alfaces e alhos | canteiro direito - couve bacalã)
Agora temos optado por fazer praticamente todas as sementeiras e plantações em canteiros elevados (também conhecidos como raised beds), pois as vantagens são mais que muitas e acaba por dar menos trabalho que andar a fazer regos. 

Dias depois semeámos umas favas bio (semente sem tratamento que tínhamos comprado na mesma feira) e umas ervilhas numa parte do terreno que tem muitas raízes de ervas daninhas, para azotar bem aquele lote e para ver se nos conseguimos livrar daquelas pragas. Logo abaixo colocámos nabo greleiro de 40 dias.

(sementeira das favas e ervilhas; à direita nabo greleiro - tapado por fetos secos para afastar a passarada)
Aproveitando que o terreno já está mais fácil de trabalhar, antes que viesse a (bendita) chuva fez-se mais quatro canteiros elevados (primeira imagem).
No primeiro colocámos semente de rabanete nos lados e transplantámos algumas beterrabas para a fila do meio. Mais tarde iremos colocar couve-flor nas filas entre os rabanetes e as beterrabas, seguindo as regras da consociação.

(primeiro canteiro lado direito - rabanetes e beterrabas)
(pormenor das beterrabas transplantadas)
Nos restantes iremos depois colocar feijão, mais couves e outras culturas da época. Os pássaros aproveitam logo para ir picar a terra, pois as minhocas ficam mais fáceis de alcançar. Até é engraçado ver a lufa-lufa deles. Só não acho tanta graça quando eles vão picar a terra que já tem sementes.

O frio glaciar que fustigou o país acabou por não ter grande impacto aqui na nossa horta. Logo no primeiro dia colocámos fetos secos e fagulha (vulgarmente conhecido como mato por aqui) sobre as plantas, para as proteger das geadas. E apesar de termos tido à volta de 10 dias de geada consecutivos, conseguimos salvar todas as plantações.

Entretanto, começou finalmente a chover e os alhos que tínhamos semeado há mais de uma semana começaram logo a "saltar".


(os alhos adoraram a chuva)
Mas as couves, favas, ervilhas, o alho francês, tudo no geral arrebitou bastante com a chuva. E é uma alegria ir agora à horta e ver como uma hora de trabalho por dia, em 3 ou 4 dias por semana, pode dar tanto resultado. E somos só dois, sem maquinaria pesada. Quando se quer, consegue-se. Basta força de vontade e espírito de "quando não se tem cão, caça-se com gato".

(pormenor das primeiras couves)
(fila de ervilhas - depois da geada passar deixaram-se alguns fetos, para evitar o crescimento das ervas daninhas)
(3 fileiras de favas bebés - apenas duas ou três ficaram com as folhas queimadas da geada negra)
E para provar que a mãe Natureza sabe o que faz, no local onde no ano passado estiveram os coentros, já lá estão uns rebentos. Nasceram assim, sem se ter que colocar semente. Há lá coisa mais maravilhosa que isto?
(coentros bebés no meio de outras ervas - fila do meio)
Hoje, que pouco ou nada choveu, aproveitámos para ir horticultar mais um bocado.
Fizemos dois alfobres: um de alfaces (que serão transplantadas para fazer consociação com outras culturas) e outro de chicória ou acelga. Este último só teremos a certeza quando nascerem, pois foram sementes dadas pela madrinha dele e há essa dúvida. Teremos que esperar para ver o que sai. 
A madrinha dele deu-nos ainda uma variedade diferente de alhos, bastante grande, que chamou de alho holandês. Também os semeámos hoje, entre as couves. E para completar o dia, enquanto eu espalhava cinza por cima das couves, cebolas e alhos, ele plantou um grande pé de alecrim no cimo da horta. 

Assim ficou completa a Horta de Janeiro.

Boa terça-feira!

domingo, 22 de janeiro de 2017

Toda a Acção Tem uma Reacção

Toda a acção tem uma reacção;
Cá se fazem, cá se pagam;
Quem semeia ventos, colhe tempestades;
Gentileza gera gentileza;
Tudo o que vai, volta*;

Estas são algumas expressões que, mesmo não parecendo, transmitem todas a mesma ideia. A ideia de que tudo o que acontece tem uma consequência, boa ou má, consoante a acção que se tomou. Se repararem bem, existem várias frases populares, aparentemente diferentes, que nos "avisam" que, tudo o que fazemos, mesmo o que fazemos sem pensar, pode ter uma reacção, positiva ou negativa.

A maioria das vezes essa consequência não é imediata e talvez seja por isso que nós, humanos, vamos ignorando repetidamente o princípio que nos é insinuado pela 3ª Lei de Newton: Toda a Acção Tem uma Reacção. Esta lei científica é aplicada a corpos e a forças, mas na verdade podemos transpôr o que Newton diz, para uma ideia mais global. Essa ideia é que tudo o que fazemos, as atitudes que tomamos e as nossas decisões, tudo isso influencia o que se passa, ou irá passar à nossa volta.

(Pêndulo de Newton - imagem daqui)
Eu não pretendo, não quero e sempre tentarei não ser fatalista. Mas cada vez mais e mais as consequências dos nossos actos, como espécie, estão à frente dos nossos olhos.

E não são agradáveis.
 
Cada vez que consumimos em excesso, que compramos o que não precisamos, que fazemos lixo, que andamos de carro sem necessidade, que comemos comida processada, ou comida cheia de gordura e açúcares, que não dormimos o suficiente, que não praticamos exercício físico (nem que seja uma caminhada à volta do quarteirão...), que não reutilizamos objectos, etc, estamos a provocar uma reacção negativa, seja para o planeta, clima ou a nossa saúde.

E é tão fácil cair nesse erro.

Por exemplo, vamos a um centro comercial (shopping) dar uma volta e compramos uma peça de roupa feita do outro lado do mundo, seja China, Bangladesh, Taiwan. 
Usamos 2 ou 3 vezes essa peça. Pomos de lado ou logo no lixo porque deixou de estar "na moda", porque se estragou ou porque afinal não gostamos assim tanto dela. Parece mínimo.
Agora multipliquem este exemplo por centenas, milhares, milhões de vezes. Já não é tão mínimo assim.

E entretanto já foram gastas matérias-primas, usada energia/combustíveis para confeccionar as peças, para trazê-las do outro lado do globo para cá, foram embaladas e tudo isto para satisfazer um desejo de... quê? Que durou quanto tempo? 

Por vezes tentamos remediar as coisas e quando já temos o armário tão cheio, damos uma de viciadas em organização ou de minimalistas e destralhamos tudo até mais não. Pomos tudo em cima da cama e fazemos montes. E desses montes escolhemos ficar com um, que são as coisas que realmente gostamos, nos favorecem ou necessitamos. O resto para onde vai? Manda a lei do "destralhamento" e do "desperdício zero" que se deve doar ou reciclar, mas quantas vezes é que isto acontece, na verdade?
Depois de todo este trabalho, sentimo-nos melhor, mais leves, mais livres. 

Mas a primeira acção já está tomada. Já se consumiu em excesso, desnecessariamente. Já consequências. Pode já não estar na nossa casa mas está algures por aí, onde não devia.

Longe da vista, longe do coração?

É lógico que haverá sempre aquela parte do cérebro que justifica compras injustificáveis, com o "eu mereço ser uma princesa", "se eu comprar e usar isto os outros vão achar-me superior", "aquilo dá.me status" ou "se os outros têm porque é que eu não posso ter?" e outras palermices do género. É para isso que o Marketing e a Publicidade trabalham, é a sua função: de colocar à nossa frente produtos que não necessitamos, e que muitas vezes nos fazem mal, e convencer-nos a comprá-los. Ok, tudo bem, estão a fazer o seu trabalho. 

Mas existe uma coisa chamada de livre arbítrio, que todos nós temos, que é a hipótese de escolhermos comprar ou não, comer ou não, ir na cantiga ou não. Não é nenhum superpoder de alguns escolhidos. Todos temos o poder de escolha. 
Porque depois temos que levar com as consequências, sejam boas ou más. 
E nisso já não temos hipótese de escolha, porque a consequência, a reacção, a paga, ela vem.

Cada vez mais tem que haver uma racionalização das nossas necessidades e um consumo proporcional às mesmas. E depois deste consumo, tem que haver uma eliminação correcta dos resíduos e, se necessário, uma compensação da Natureza pelo que foi usado, destruído ou corrompido.
É fácil constatar que a Natureza tende sempre para o equilíbrio. Quando um dos lados da balança está mais para cima ou para baixo, ela vem e equilibra. E normalmente é à bruta.

Por tudo isto, não nos podemos (devemos) esquecer que, cada um de nós, apesar de ser um Individual, tem a sua importância e a sua força no Global. E cada um de nós é importante. Todas as nossas acções contam, para o bem ou para o mal, mesmo as que achamos que são insignificantes.

Boa semana!

* What goes around, comes around - usado comummente na lei do Karma.


quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Há Empreendedores Por Aí?

O ano está mesmo a iniciar e é uma boa altura para arriscar em projectos novos.

A Acredita Portugal é uma organização sem fins lucrativos cujo principal objectivo é o desenvolvimento e promoção do empreendedorismo em Portugal, tanto através da formação como de concursos de empreendedorismo. 

E é sobre isto que vos quero falar hoje. A Acredita Portugal e o Montepio associaram-se e criaram este Concurso de Empreendedorismo - O Concurso Montepio Acredita Portugal - que tem como objectivo premiar os melhores projectos e ajudar todos os portugueses interessados a desenvolver as suas ideias empreendedoras.

Se tiverem alguma ideia de negócio, mas não saibam como a colocar em prática ou se já começaram a pôr em prática essa ideia, mas gostariam de ter a opinião e apoio de especialistas para avançar mais, este é o concurso de empreendedorismo certo para vocês. 


A inscrição é muito simples, gratuita e não há qualquer pré-requisito para a fazer. Qualquer pessoa, independentemente da sua formação e idade, desde que tenha uma ideia de negócio, pode-se inscrever. Apenas se tem que aceder aqui e fazer a inscrição.

Apressem-se empreendedores, arrisquem e inscrevam-se :) 

O prazo está quase a terminar! Inscrevam-se até 15 de Janeiro e quem sabe se não é agora que a vossa vida muda?

Para mais informações sobre o concurso: http://www.acreditaportugal.pt/informacoes/

Esta publicação é uma colaboração entre o "Ecológica, quem? Eu?" e "Acredita Portugal"

sábado, 7 de janeiro de 2017

Bem-Vindo 2017 e os Livros do Ano

Terminou mais um ano e outro já começou.
Muitas coisas importantes aconteceram e outras nem por isso.
Mudámos a horta de local e já há planos para torná-la cada vez mais sustentável, biológica e em perfeita comunhão com as leis da Natureza. E isto, neste momento, desempenha um papel muito importante no meu caminho.
Foi também o ano em que as alterações climáticas se fizeram sentir verdadeiramente. Eu senti-as! Estações trocadas, Verão imensamente quente, Primavera e Outono praticamente inexistentes e a sensação que as pessoas ainda não se aperceberam do real perigo que tudo isto traz, para a vida dos humanos como a conhecemos.
Consegui consolidar o meu armário e agora já tenho a base para durante muito tempo não me preocupar com ele.
Cada vez mais sei como quero (ou devo) viver a minha vida e foi no ano de 2016, com todas as experiências que tive, as boas e as menos boas, que me levaram a esse caminho.
E muito mais.

Uma das decisões que tomei no ano anterior (e que é para continuar) é de ler os livros que já tenho, alguns até há bastante tempo, e que por alguma razão ainda não li. Da lista de 2016, apenas o último é novo, (embora não seja meu). Todos os outros já habitam as bibliotecas pessoais da família (minha e dele, dos meus pais e dos meus sogros) há algum tempo.
A razão principal desta decisão foi porque cheguei à conclusão que já tinha à minha disposição muitos, tantos, bastantes livros, de vários géneros e autores diferentes. Porquê gastar mais dinheiro e acumular mais, se ainda tenho tanta página que folhear, tanto livro para ler, tanta folha para marcar?

Uma vida mais simples também passa por isto, por tomar este tipo de decisões. 
Sim, eu posso comprar um livro onde o autor ou a autora me conta como simplificou a sua vida e tirar ideias para aplicar ao meu dia-a-dia. Claro que sim.
Mas também posso ir buscar um livro à estante dos meus sogros, que está a apanhar pó há anos (acho que até fui a primeira pessoa a lê-lo...), vencedor de um Pulitzer e que me surpreendeu de uma forma tão maravilhosa, que me inspirou ainda mais a ser uma pessoa melhor.
O livro é "Não Matem a Cotovia" e se não tivesse tomado a decisão de ler os livros mais antigos, este possivelmente seria um daqueles que não compraria. E era eu que perderia, oh se perderia.

Alguns dos livros que li em 2016
Esta é a lista de livros que li em 2016:

Agatha Christie: "Poirot Investiga"
                           "As 4 Potências do Mal"
Harper Lee - "Não Matem a Cotovia"
Júlio Dinis - "Uma Família Inglesa"
Sarah Beirão - "Surpresa Bendita"
Érico Veríssimo - "Ana Terra"
Irving Wallace - "A Vigésima Sétima Mulher"
Liev Tolstói - "A Manhã de um Senhor (contos)"
John Le Carré - "O Fiel Jardineiro"
Alves Redol - "Avieiros"
Eça de Queirós - "A Cidade e as Serras"
Núria Masot - "A Sombra do Templário"
Mark Williams e Danny Penman - "Mindfulness"

Há livros que é preciso estar na altura certa da vida para os ler. Seja pela linguagem, pela história ou ensinamentos, há livros que é preciso ter tido certas experiências ou lido outros, para serem compreendidos e até gostados. Foi o que me aconteceu no livro do Eça, "A Cidade e as Serras". Já tinha iniciado a sua leitura na adolescência, mas avancei pouco e logo o pus de parte. Agora, consegui compreendê-lo melhor e não me aborreci tanto com as intermináveis descrições do autor.

E vice-versa: tenho livros que já li há algum tempo, que na altura adorei, e que agora, por alguma razão, ao relê-los não me causam o mesmo sentimento. Este ano aconteceu-me isso com "Avieiros" do mestre do neo-realismo português, Alves Redol. Quando o li a primeira vez, fascinou-me a sua crueza e admirei-me com dureza das vidas retratadas. Era uma jovem adulta e a vida corria-me sem sobressaltos. Mas agora desesperou-me e sofri muito com as suas personagens, apesar de ser um excelente livro.


Este também foi o ano em que fiz o curso de 8 semanas de Atenção Plena, guiada pelo livro de Mark Williams e Danny Penman - "Mindfulness". 
Já há bastante tempo que andava à procura de informações sobre Mindfulness/Atenção Plena, principalmente como poderia aplicar à minha vida e assim viver a vida de uma forma plena, mais verdadeira e com menos (muito menos) stress e ansiedade.
Encontrei a resposta à minha procura neste livro, que aconselho a todos. E não sou só eu que aconselho, pois é aconselhado pelo Sistema Nacional de Saúde Britânico como tratamento eficaz da ansiedade e depressão, sem medicação.
Mas sobre isto falarei noutra altura :)

Agora, uma nova lista já se está a formar, tendo à cabeça um livro de Paul Auster.

Que 2017 traga muitos sucessos, muita saúde, muita compaixão pela Natureza e pelos Homens, muito conhecimento, amizades e felicidade.

Bom Ano!