sexta-feira, 22 de abril de 2016

5 vegetais para cultivar na Horta da Varanda na Primavera

A chuva parece que não nos quer largar e a nossa horta está em espera, mas isso não quer dizer que as hortas não andem nos meus pensamentos. Como sabem, os meus pais vivem num apartamento e têm a varanda cheia de vasos e floreiras, com flores e legumes. É uma forma de a minha mãe poder ter à mão ervas aromáticas e vegetais da época, sem ter que sair de casa.
(Vaso de Hortelã na Varanda dos meus Pais)
Para quem vive na cidade e/ou não tem um terreno onde possa cultivar, é uma boa opção apostar na Horta de Varanda. Já falei anteriormente de alguns aspectos a ter em conta quando se quer apostar em ter uma Horta na Varanda (aqui, aqui e aqui). Hoje vou dar cinco sugestões de vegetais que, pela sua facilidade e adaptabilidade, são os queridinhos de qualquer Horta de Varanda que se preze.

Alfaces:

Podem ser cultivadas todo o ano na varanda, pois existem vários tipos, uns mais adaptados ao calor e pelo um mais ao frio. Gostam de solo arejado e húmido (mas não encharcado), sol directo ou sombra parcial e locais arejados. Em 5/6 semanas consegue-se ter uma alface digna duma bela salada. E como o Verão vem aí, está na altura de ir à estufa, comprar umas quantas e colocar em vasos ou floreiras. Como as raízes não ficam muito grandes podem ser usados recipientes mais baixos (20 centímetros), desde que tenham uma boa drenagem.

Tomates:

Como estamos na temática das saladas, porque não aproveitar e cultivar tomates, para acompanhar a alface? Para os tomateiros é necessário ter um pouco mais de logística, uma vez que o tomateiro gosta de trepar. O ideal será colocá-lo num local onde se possa colocar estacas de madeira ou junto a uma treliça, para depois ir atando a planta para ela poder desenvolver à vontade. Tal como a alface, gostam de algumas horas de sol directo e solos húmidos mas não encharcados. Tem que se ter cuidado na rega, uma vez que não gostam de ser regados por cima. Convém regar junto à terra (e isto é válido também para os tomateiros nas hortas). Ao contrário da alface, o tomateiro gosta de espaço para as raízes, por isso deve-se optar por usar recipientes com 40 centímetros no mínimo, para ter melhores frutos. Ter em atenção que quanto maior o fruto (tomate) mais espaço será necessário, por isso se a varanda for pequenina, será melhor escolher o tomate-cereja ou cherry.

Courgettes ou Abobrinhas:

São ótimas nas sopas e em salteados e para usar em pratos poucos calóricos, como substituição de esparguete e outras massas. Quando cultivadas em vasos necessitam de um pouco mais de rega do que na terra, mas como as culturas que falei anteriormente, também não gostam de solos encharcados. É preferível fazer-se regas mais frequentes. É pouco exigente a nível de tipo de solo, já que se adapta facilmente a qualquer um, mas precisa de muita luz diariamente. Quando se planta courgettes numa varanda tem que se ter atenção que esta cultura tem tendência a espalhar-se (folhas e frutos), por isso se tiver uma varanda pequenina, talvez não seja a melhor escolha.

Feijão Verde ou Feijão-de-Vagem: 

É uma das culturas que os meus pais costumam ter na varanda. O feijão é fácil de cultivar e até iniciantes conseguem fazer germinar um feijão num vaso! Gostam de solos férteis, húmidos mas bem drenados. A luz solar também é importante, por isso deve ter luz solar directa algumas horas por dia. Deve-se ter atenção pois para além das variedades do feijão em si, há também dois tipos de feijoeiro: o trepador e o rasteiro. Para se cultivar o feijão na varanda, é mais aconselhável optar pelo feijão rasteiro. Mas se forem aventureiros e quiserem colocar estacas nos vasos, estejam à vontade por experimentar cultivar feijão trepador.

Pimentos:

Facilmente se consegue ter pimentos num vaso. Tal como os tomateiros, precisam de estar em vasos mais profundos e a planta também cresce bastante em altura, por isso deve-se ter estacas ou canas à mão. O solo deve ser leve, fértil e bem drenado. A rega deve ser frequente, sem encharcar e junto à raiz. Deve-se ter em atenção que os pimentos (os frutos), quando cultivados em vasos, podem não crescer tanto como os que estamos habituados a comprar no supermercado. Os pimentos mais usuais por cá são os verdes, os vermelhos e os amarelos. (Nota: ter em conta que os pimentos vermelhos não são, nada mais nada menos, que os pimentos "verdes", só que maduros!)

Se quiserem experimentar e pôr as mãos na terra, esta será a altura do ano ideal para o fazer. Como já disse anteriormente, aconselho a comprar mudas das plantas escolhidas, ao invés de fazer sementeira. É muito mais fácil e aumentam bastante as hipóteses de sucesso, principalmente se não tiverem experiência na matéria. E apesar de já haver plantas e aromáticas em vasos, em grandes superfícies, é preferível comprá-los em estufas e hortos, pois não sofreram com o ar-condicionado.

Não se esqueçam que uma plantinha é um ser vivo. Precisa de atenção, água e muitas vezes comida. Por exemplo, se fazem café em casa, ponham os restos do café nos vasos, que elas adoram.
 
Comemorem o Dia da Terra e Bom fim de semana!
 

sexta-feira, 8 de abril de 2016

A Erva de São Roberto

Hoje, num passeio matinal com a minha mãe, por um caminho que eu já não percorria há anos e rodeadas de várias ervas e flores silvestres, tive uma lição gratuita de "Ervanária". 

Eu já falei anteriormente (aqui), onde é que vou buscar muitos dos meus conhecimentos da Natureza, das práticas de sustentabilidade natural, agricultura biológica e tratamentos naturais. Para além da informação espalhada pela Internet, dos livros sobre plantas e tratamentos naturais, da herança dos meus avós, aprendo ainda muito com a minha mãe. É que ela, lá no "computador" dela, tem imensa informação sobre ervas, plantas, usos antigos e aplicações medicinais.
E hoje, relaxando naquele ambiente calmo, ela começou a debitar informação e mais informação sobre todas as ervas silvestres que encontrámos. 

Erva de São Roberto, já com os seus "bicos de cegonha" desenvolvidos
No meio dessas ervas, estava a Erva de São Roberto.

Conheço esta erva desde sempre, o seu cheiro lembra-me a infância, pois traz-me felizes recordações das brincadeiras nos quintais e dos passeios que dava com o meu avô materno. Ainda hoje quando a cheirei, senti um aconchego no coração, daqueles de felicidade pura. Até parece impossível, não é? Não é que o aroma em si seja muito agradável, é mais uma questão de memória sensorial.

Também conhecida como Erva Roberta, Bico de Grou ou Fura Sacos, é bastante vulgar por aqui. Utilizam-se todas as partes aéreas da planta (folhas e flores), seja em infusões, decocções ou cataplasmas. A Erva de São Roberto possui propriedades adstringentes, antidiarreicas, hemostáticas, vulnerárias,anti-sépticas e tónicas. 

Ramo de Folhas de Erva de São Roberto (mão da mãe)
É usada vulgarmente no tratamento de diarreias ligeiras não infecciosas (em infusão), no tratamento de estomatites, amigdalites inflamatórias e inflamações da boca e gengivas (em gargarejos), no tratamento das hemorragias nasais (por irrigação nasal) e para lavar pequenas feridas da pele, ferimentos e arranhões (líquido obtido por decocção concentrada)

Podem-se também fazer cataplasmas das folhas frescas pisadas e colocar directamente sobre ferimentos superficiais, o que dá muito jeito se se andar no campo, se se fizer um arranhão e não se tiver um estojo de primeiros socorros à mão. 

E a partir de hoje, graças às dicas da minha mãe, nunca mais irei confundir a Erva de São Roberto com a Fumária (que é outra erva silvestre medicinal).
Informação teórica
Nada como uma "saída de campo", para ver na prática como são as plantas que conheço dos livros e da Internet.

Bom fim de semana!