domingo, 22 de janeiro de 2017

Toda a Acção Tem uma Reacção

Toda a acção tem uma reacção;
Cá se fazem, cá se pagam;
Quem semeia ventos, colhe tempestades;
Gentileza gera gentileza;
Tudo o que vai, volta*;

Estas são algumas expressões que, mesmo não parecendo, transmitem todas a mesma ideia. A ideia de que tudo o que acontece tem uma consequência, boa ou má, consoante a acção que se tomou. Se repararem bem, existem várias frases populares, aparentemente diferentes, que nos "avisam" que, tudo o que fazemos, mesmo o que fazemos sem pensar, pode ter uma reacção, positiva ou negativa.

A maioria das vezes essa consequência não é imediata e talvez seja por isso que nós, humanos, vamos ignorando repetidamente o princípio que nos é insinuado pela 3ª Lei de Newton: Toda a Acção Tem uma Reacção. Esta lei científica é aplicada a corpos e a forças, mas na verdade podemos transpôr o que Newton diz, para uma ideia mais global. Essa ideia é que tudo o que fazemos, as atitudes que tomamos e as nossas decisões, tudo isso influencia o que se passa, ou irá passar à nossa volta.

(Pêndulo de Newton - imagem daqui)
Eu não pretendo, não quero e sempre tentarei não ser fatalista. Mas cada vez mais e mais as consequências dos nossos actos, como espécie, estão à frente dos nossos olhos.

E não são agradáveis.
 
Cada vez que consumimos em excesso, que compramos o que não precisamos, que fazemos lixo, que andamos de carro sem necessidade, que comemos comida processada, ou comida cheia de gordura e açúcares, que não dormimos o suficiente, que não praticamos exercício físico (nem que seja uma caminhada à volta do quarteirão...), que não reutilizamos objectos, etc, estamos a provocar uma reacção negativa, seja para o planeta, clima ou a nossa saúde.

E é tão fácil cair nesse erro.

Por exemplo, vamos a um centro comercial (shopping) dar uma volta e compramos uma peça de roupa feita do outro lado do mundo, seja China, Bangladesh, Taiwan. 
Usamos 2 ou 3 vezes essa peça. Pomos de lado ou logo no lixo porque deixou de estar "na moda", porque se estragou ou porque afinal não gostamos assim tanto dela. Parece mínimo.
Agora multipliquem este exemplo por centenas, milhares, milhões de vezes. Já não é tão mínimo assim.

E entretanto já foram gastas matérias-primas, usada energia/combustíveis para confeccionar as peças, para trazê-las do outro lado do globo para cá, foram embaladas e tudo isto para satisfazer um desejo de... quê? Que durou quanto tempo? 

Por vezes tentamos remediar as coisas e quando já temos o armário tão cheio, damos uma de viciadas em organização ou de minimalistas e destralhamos tudo até mais não. Pomos tudo em cima da cama e fazemos montes. E desses montes escolhemos ficar com um, que são as coisas que realmente gostamos, nos favorecem ou necessitamos. O resto para onde vai? Manda a lei do "destralhamento" e do "desperdício zero" que se deve doar ou reciclar, mas quantas vezes é que isto acontece, na verdade?
Depois de todo este trabalho, sentimo-nos melhor, mais leves, mais livres. 

Mas a primeira acção já está tomada. Já se consumiu em excesso, desnecessariamente. Já consequências. Pode já não estar na nossa casa mas está algures por aí, onde não devia.

Longe da vista, longe do coração?

É lógico que haverá sempre aquela parte do cérebro que justifica compras injustificáveis, com o "eu mereço ser uma princesa", "se eu comprar e usar isto os outros vão achar-me superior", "aquilo dá.me status" ou "se os outros têm porque é que eu não posso ter?" e outras palermices do género. É para isso que o Marketing e a Publicidade trabalham, é a sua função: de colocar à nossa frente produtos que não necessitamos, e que muitas vezes nos fazem mal, e convencer-nos a comprá-los. Ok, tudo bem, estão a fazer o seu trabalho. 

Mas existe uma coisa chamada de livre arbítrio, que todos nós temos, que é a hipótese de escolhermos comprar ou não, comer ou não, ir na cantiga ou não. Não é nenhum superpoder de alguns escolhidos. Todos temos o poder de escolha. 
Porque depois temos que levar com as consequências, sejam boas ou más. 
E nisso já não temos hipótese de escolha, porque a consequência, a reacção, a paga, ela vem.

Cada vez mais tem que haver uma racionalização das nossas necessidades e um consumo proporcional às mesmas. E depois deste consumo, tem que haver uma eliminação correcta dos resíduos e, se necessário, uma compensação da Natureza pelo que foi usado, destruído ou corrompido.
É fácil constatar que a Natureza tende sempre para o equilíbrio. Quando um dos lados da balança está mais para cima ou para baixo, ela vem e equilibra. E normalmente é à bruta.

Por tudo isto, não nos podemos (devemos) esquecer que, cada um de nós, apesar de ser um Individual, tem a sua importância e a sua força no Global. E cada um de nós é importante. Todas as nossas acções contam, para o bem ou para o mal, mesmo as que achamos que são insignificantes.

Boa semana!

* What goes around, comes around - usado comummente na lei do Karma.


23 comentários:

Anónimo disse...

Olá Catarina
Não sou muito consumista, só compro mesmo o necessário, claro que já comprei em alguma vez da minha vida, alguma coisa que se calhar depois até deitei fora, mas não uso muito isso, com a comida então, sou muito cuidadosa, sei que o que estragar hoje pode me faltar amanhã, por isso não deito comida fora. Muito bom este teu post, alertar nunca é demais.
Beijinho e bom inicio de semana.
<3

Lete disse...

Catarina, não podia estar mais de acordo!
É por isso que eu, cada vez mais, consumo com moderação, com reflexão... porque me preocupam imenso os desperdícios, os resíduos e percebo o mal que estamos a fazer ao planeta. Prefiro sempre qualidade em vez de quantidade. Sou assim há muitos anos, aliás, acho que sempre fui, mas agora tenho mais consciência da necessidade de assim ser e tento dar o exemplo aos mais novos. :)
Gostei muito do teu texto e só me fez lembrar que temos tanto em comum!
Beijinho muito grande e vamos lá continuar com a nossa capacidade de discernir sobre o que é que faz mesmo falta...

Andreia Morais disse...

Preciso de ser mais conscientes!

Beijinhos*

Joao Antonio Ventura disse...

De acordo, Catarina. Também não suporto desperdício. Que bom se as pessoas pensassem um pouco nisso. Abraços.

Graça Pires disse...

Uma reflexão excelente, Catarina! Neste mundo em que o consumismo atingiu proporções inimagináveis, temos mesmo de racionalizar as nossas necessidades, como dizes. Obrigada por me fazeres pensar.
Uma boa semana.
Beijos.

Isabel disse...

Catarina, concordo com todas as tuas frases, com todas as palavras! Quando comecei a ler, pensei logo nos inúmeros actos que ficam sem consequência, mas logo depois percebi o rumo do texto e revi-me nas tuas palavras. Também não somos consumistas, nem nunca fomos e isso reflecte-se em tudo. Como sabes, estou desempregada e o meu marido também, e isso, só não é um drama maior porque precisamos de muito pouco para viver com dignidade, porque temos dois carros velhos -que funcionam que é uma maravilha! =) porque sempre que compro uma peça de roupa, penso nos anos que vai durar, e isso não se encontra nas primarks, nas Zara's ou nas C&A, na hora de comprar custa mais a curto prazo porque se paga muito caro, mas vale a pena a médio longo prazo. Mas a sociedade é dura, experimenta entrar num banco ou numa instituição, onde não te conheçam, uma vez apresentando determinados indicadores de "status" que os média promovem e outra vez sem eles =) aposto que já percebeste aonde quero chegar. O tratamento é completamente diferente.
Fico contente em ler textos como o teu!
Beijinhos
Isabel

Teresinha disse...

Catarina,
primeiro quero agradecer o comentário deixado lá no blog. O Miguel já está com quase 2 meses e eu quase de regresso a Coimbra :( Vai-me custar lidar com esta situação... mas tenho outros filhos e netos no lado de lá. Terei de me ir repartindo!
E o poncho assenta muito bem! Poderás fazê-lo com outros pontos e até liso, mas os pontos que usei são fáceis, só exigem atenção. O modo de o coser no ombro ou até fechá-lo só com uns botões é que o torna confortável.

Gostei imenso da tua reflexão sobre os desperdícios e os disparates que cometemos... e ainda por cima nos vangloriamos! "Nos", salvo seja! Nós não somos dessas pessoas... mas há quem...
Acredita que "comprar" é, para mim, um verbo que me provoca uma espécie de asco! E não é por não querer gastar: é simplesmente porque acho que já tenho (quase) tudo o que me faz falta. Não gosto de ir a centros comerciais e se preciso de alguma coisa vou às lojas tradicionais da baixa. Não gosto de multidões apesar de gostar muito de conviver.
O futuro dos meus netos preocupa-me muito, mas tento pensar que vencerá o bom senso.
Desejo-te uma boa semana e aguardo novas reflexões.
Beijinhos

Elvira Carvalho disse...

Um texto muito interessante que nos devia levar a refletir sobre o nosso papel na sociedade.
Comprar por comprar nunca foi para mim. Só compro aquilo que preciso.
Um abraço e boa semana

Konigvs disse...

Concordo integralmente. Logo para começar, eu acho que cada uma das nossas decisões ou escolhas, tem logo implicações na vida de todos os outros! As amizades que fazemos, as opções que tomamos, que companheiro(a) escolhemos etc. Mas deixando de lado as questões existenciais ou filosóficas e entrando no tema do teu texto, eu devo dizer que estou extremamente pessimista. E o problema principal está no vírus em que o ser humanos e tornou. Vamos para um qualquer sítio do planeta, seja ele qual for, e propagamo-nos rapidamente e esgotamos todos os recursos.

Vivemos num sistema capitalista e dele nunca mais sairemos. Tudo é feito para dar lucro, não é para ser sustentável. Já não se fazem as coisa para durar uma vida, fazem-se para durar o prazo da garantia. Só. Fabrica-se, consome-se, deita-se fora e compra-se de novo. Oito pessoas têm tanto dinheiro como metade da população mundial! É isto o capitalismo: dar dinheiro sempre aos mesmo. "É preciso crescer economicamente" diz-se. Mas crescer para onde? Mentem-nos todos os dias e falam na taxa da natalidade. É preciso aumentar a taxa de natalidade dizem. Mas porquê? Porque para crescer são precisos mais consumidores, se não como se pode vender mais?! Não pode!

Em 2050 haverão 9 biliões de humanos no mundo. São precisos quatro planetas, repito, quatro planetas para alimentar esta gente toda. Não adianta consumirmos menos se nos estamos a reproduzir como um vírus que está a deixar o Hospedeiro-Terra completamente moribundo. Os efeitos gravíssimos do aquecimento global e do degelo estão aí, mas no entanto elegem-se políticos que o negam, tal como também há quem negue que o Holocausto Nazi tenha existido. Metam uma coisa na cabeça: não vai haver planeta para todos!
Não há água potável para todos. Água que está a ser gasta e poluída na agricultura, o maior poluidor do mundo! Devastam-se milhões de hectares de floresta para plantar determinada cultura que dê dinheiro. Não vão haver recursos para todos!

E é por isso que eu digo, e eu sei que isso vai chocar muita gente, mas é o que eu penso. Diz-se que ter um filho é um ato de amor, mas infelizmente, nos dias que correm, amar um filho é desde logo não permitir que ele não nasça no inferno em que vivemos.

Simone Felic disse...

Olá Catarina
É verdade, seu texto foi muito reflexivo, é uma pena que as pessoas
não dêmm bola, para os excessos, temos de cuidar de este planeta que nos foi dado com tanto amor, e com tantos recursos.
E as pessoas não enxergam né, uma pena, que os prazeres os destruirão.
Bjs

http://eueminhasplantinhas.blogspot.com.br/

Prata da casa disse...

Olá Catarina: gostei imenso do texto que me fez refletir. Tento não cometer exageros no que diz respeito ao consumismo, mas a verdade é que somos muitos a usar e a deitar fora e o lixo acaba por ficar no nosso planeta mesmo.
Bjn
Márcia

O Cantinho da Fia disse...

Olá Catarina,
Muito obrigada pela tua visita ;) Volta sempre, pois é um gosto ter-te no meu cantinho!

Adorei o teu texto, que no fundo é uma reflexão e uma lição dos nossos atos diários. Concordo com tudo o que foi dito, embora nem sempre eu seja o melhor exemplo. Tenho consciência de que não devemos ser tão consumistas, até porque nem temos necessidade de o ser. Sei que já contribuo positivamente com várias atitudes, assim como sei que tenho de melhorar outras.

Beijinho e bom dia

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Muito bom este seu artigo e estou completamente de acordo com que cada um de nós, apesar de ser um Individual, tem a sua importância e a sua força no Global e à que ter consciência disso mesmo para um Mundo melhor e sustentável.
Um abraço e boa semana.
Andarilhar || Dedais de Francisco e Idalisa || Livros-Autografados

Catarina disse...

Olá minha querida Catarina!!
Que texto maravilhoso, chama mesmo à reflexão!!
Na minha opinião o ideal seria que ele chegasse ao maior número de pessoas, e que as levasse a reflectir e por fim a agir!!
Obrigada por o partilhares, obrigado por te preocuparas com o nosso planeta, afinal ele é a nossa casa. Pena que nem todos o vejam como tal.

Beijinho enorme**

As Receitas da Mãe Galinha disse...

What goes around, comes around... sempre! Adorei o texto!
Beijinho
http://asreceitasdamaegalinha.blogspot.pt/

Amélia disse...

Gostei muito de ler este seu artigo, concordo plenamente. Seria bom que cada um de nós tivessemos consciência dos exageros que praticamos.
Beijinho

CÉU disse...

Olá, Catarina!

Tens toda a razão e esse provérbio do "Tudo o que vai, volta" é certo e não falha.
Poucas pessoas fazem aquilo que referiste e eu sou uma delas. Acho que dos 15 aos 30, fartei--me de consumir e enchi bem a barriguinha. Agora, estou bem mais comedida, sem dúvida, e hoje comprovei isso: só tenho um par de botas e uns ténis de inverno.

A Lei de Newton aplicou-se, aplica-se e aplicar-se-á, pke tudo foi pensado com e na perfeição.

Agradeço mais um aleta teu, tal como a tua mensagem!

Beijos e boa semana.

A Casa Madeira disse...

Oi Catarina o texto belíssimo nem precisa refletir...
É isso mesmo. k.
Bom finalzinho de mês.
Abraços
janicce.

Fascínio pelos Pontos disse...

Fantástico Catarina :)
Mais um artigo com uma informação muito, muito importante :)
É deste tipo de informação que precisamos para as pessoas "acordarem" para a vida :) Porque mesmo com esses "ditados antigos" que as pessoas dizem ser verdades, também dizem que este tempo que estamos a ter, completamente descontrolado, que já nem temos Estação do Ano, "Deus é que sabe", e não, eu não concordo com isso, e sim, concordo mais que este tempo deve ao facto de haver tanta poluição que nós, humanos, fazemos e ainda algumas pessoas, não têm noção disso para começarem a ter uma atitude diferente!! Mas espero, tenho esperança, que as coisas mudem e que com uns os outros vão aprendendo :)
Eu tento fazer a minha parte e tento todos os dias melhorar, acho é um dever de cada um.
Beijinhos :)

Elisabete disse...

Convém haver reação ou somos explorados, agora tudo depende do que se trata. Como tudo na vida, tem que haver equilíbrio.
Bjs

Cantinho da Gaiata disse...

Um texto maravilhoso, nunca é demais alertar estas situações para os mais distraídos. Não sou consumista e detesto deitar fora, seja comida, roupas ou outros bens.
Vamos lá ser mais conscientes dos nossos actos e vamos lá salvar o nosso querido Planeta.
Beijinho grande Catarina.

PINTA ROXA disse...

Já fui de comprar muito, e de guardar tudo. Hoje estou diferente, tenho o que necessito, reciclo sempre que posso e tenho coisas que me duram anos.
De passo a passo conseguimos melhorar o Mundo.
Pinta

Existe Sempre Um Lugar disse...

Boa tarde, penso que todas as pessoas tem a necessidade de consumir, os que consomem menos, são aqueles que gozam de um padrão de vida estável, sabem que em qualquer altura podem consumir o que desejam, aqueles que não conseguem consumir por dificuldades económicas, quando surge a possibilidade económica, consomem por necessidade, só quem não teve ou não tem dificuldades não consegue compreender as pessoas que consomem em demasia quando o rei faz anos.
O dinheiro para mim só serve para o meu conforto, se gosto compro.

AG