Este ano a azeitona abundou, pelo menos aqui pela zona. Até as minhas 3 oliveiras, que nos outros anos pouco produziram, deram bastantes azeitonas! Não era o suficiente para fazer azeite, então decidi curti-las, pela primeira vez.
Apesar de ter visto várias receitas pela internet, decidi-me ir pela receita tradicional aqui da zona. Fiz também uma recolha de informação pelas pessoas mais velhas. No final, decidi confiar no método que o meu pai usou há 2 anos (o que resultou numas belas e saborosas azeitonas), juntando-lhe mais alguma sabedoria popular e experimentação pessoal.
1º - Apanhou-se a azeitona directamente da árvore, madura (preta) e verde.
2º - Colocou-se misturada em 2 caixas de conservação de alimentos grandes, com tampa. Há quem separe por madura e verde, mas eu não o fiz, não me pareceu necessário.
3º - Cobriram-se as azeitonas com água, ficando a mesma 5/6 centimetros acima das azeitonas. Assim ficou espaço suficiente para juntar os "temperos" e mexer. Em relação à água, eu usei água normal, da torneira. Há uma facção de peritos em curtição de azeitonas, que dizem que só se deve usar água sem cloro: de poço, chuva ou fonte. Mas entre usar a água do poço, que nunca foi analisada, quanto mais tratada, e o cloro da torneira, preferi o cloro.
4º - Para fazer a salmoura, que é o que vai fazer com que o sabor amargo das azeitonas desapareça, juntou-se à água 2 punhados grandes de sal, por caixa. A quantidade correcta é de 10% de sal por cada litro de água, mas eu juntei a olho.
5º - Há quem ponha os temperos (alho e ervas aromáticas) só quando as azeitonas estão curtidas, mas experimentei pôr tudo desde o início. Quanto mais tempo estiverem a fermentar com outros temperos, mais absorvem os seus sabores, certo? Os temperos que usei foram: alhos esmagados (resto da colheita) e louro.
6º - Mudou-se a água 3 vezes em 6 semanas. Por o que vi nas receitas a internet, aconselham mudar a água diariamente, mas para isso teria que temperar todos dias e sinceramente, achei mais que desnecessário, tanto desperdício de água.
7º - Na terceira mudança de água, as azeitonas já se comiam, mas não perdem por estar mais algum tempo a curtir. Juntou-se murta, que é uma erva que já não se utiliza muito na culinária, mas que, segundo a tradição, era usada normalmente neste processo.
8º - Depois das azeitonas estarem curtidas, irei separá-las em frascos e vou colocar ervas diferentes em cada frasco, para dar um sabor diferente a cada "fornada". Pelos meus cálculos, para o Natal já devo conseguir comer azeitonas caseiras.
Pode-se usar outras ervas para temperar, tais como alecrim, oregãos, tomilho... O sal, esse é obrigatório para o processo, e o alho é uma constante em todas as receitas que vi e ouvi.
Agora, é só esperar...
Bom fim-de-semana!
Agora, é só esperar...
Bom fim-de-semana!
6 comentários:
Adorei seu blog e fiz uma postagem exclusiva sobre o assunto:
http://caroldaemon.blogspot.com.br/2014/03/em-viseu-curtem-se-azeitonas-e-serve-se.html
abs,
Carol
Tínhamos só duas oliveiras no aido.Minha mãe as curtia num grande pote de barro.Não sei que temperos usava, mas creio que além do sal, apenas o alho de sempre. Ficavam deliciosas, para merendar com broa de milho! Ai que saudades! Abraços.
Estou saboreando mentalmente essa receita de azeitonas!
se eu tivesse oliveiras , com certeza faria e nem compraria no mercado!
parabéns pela receita!
Nas 6 semanas de cura na mudança da agua tem que se fazer o tempero certo?
De facto, vi informações relativas a uma enorme série de formas mais ou menos complexas de curtir azeitonas. Umas tão demoradas que quase receei perder o apetite com tanta espera e com tantas e tão ritualizadas operações. Esta forma pareceu-me abreviada mas, essencialmente, fazia sentido. Experimentei fazer assim e...resultou. Azeitonas saborosas ao fim de, apenas, 6 semanas e com um processo simples. Obrigado.
Abel Oliveira (nem de propósito)
Muito bem!
Adorei e subscrevo as dicas!
Muito obrigado!
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